O dia amanheceu nublado. Uma segunda feira fora dos padrões que estou habituado. Há muitos visitantes na cidade. O litoral sempre atraí essa gente na qual nunca gostei. Não gosto da maneira que se comportam, do modo como andam, falam alto, gargalham, dirigem seus automóveis. Me sinto invadido, acuado; mas pronto, sempre pronto a afrontá-los, caso venha a ser preciso. Até hoje esse dia ainda não chegou. Para o bem deles ou o meu, não sei. Espero jamais saber, francamente. Bom, enfim o ano está próximo do fim. Questão de horas. Houve um tempo em que eu sentia uma certa expectativa em relação a esse dia, hoje no entanto, tudo que consigo é embrulhar o estômago. Percebo já ha bastante tempo a falsidade sem tamanho em que todos estão relacionados a esse momento. Isso explica o ritual de todos se embriagarem antes, durante e depois a passagem de ano: é duro perceber que nem tudo saiu como queria; e se saiu, é pior perceber que foi somente para você. Muito dos seus parentes e amigos continuam na mesma merda de sempre. Beber até cair parece ser uma boa idéia para dissipar, pelo menos por agora, esses malditos fantasmas da consciência pesada. Afinal, uma mágica divina irá permitir que os próximos 365 sejam realmente bons e de progresso para todos. Sonhar nunca é demais.
Resolvi não participar desse circo desta vez. Optei por não comparecer a ceia de sempre na casa de minha sogra, nem de ouvir as mesmas bobagens de sempre dos colegas, amigos( ? ), parentes e afins, sempre a meia-noite. Vou me recolher cedo, tomar um antidepressivo, não ouvir nem uma música que goste e muito menos ver na tv o show pirotécnico do besteirol. Amanhã certamente todos deverão achar que definitivamente não sou uma pessoa normal, que sou um revoltado que repudia as próprias pessoas que o ama, etc e tal. Mas não é nada disso. É que ás vezes enxergar longe demais dói na própria vista. E a minha já esta tão cansada agora, que já prevejo um sono profundo e revitalizador pra mais tarde.
Feliz próximos dias!!
